Se os pintores impressionistas franceses se dedicam à captação algo instantânea do que veem- o que fazem com pinceladas pontuais que registram a pureza de uma nova percepção pictórica- o holandês van Gogh, aprendendo com esses as pinceladas rápidas, foi bem mais incisivo em suas percepções.
van Gogh não se posiciona como um observador mas pintor que atua, cromáticamente, sobre o que vê, transformando os motivos visíveis e observados com olhar intenso e de paixão muito longe da delicadeza da captação luminosa, por mais que as telas de van Gogh sejam solares, vibrantes.
É notável como a técnica das pinceladas rápidas introduzida pelos impressionistas passa de ser um meio de captação da luminosidade efêmera das horas do dia para, em van Gogh, transformar-se num meio de dramatização.
Não mais a impressão mas a expressão faz evoluir uma arte moderna, longe do que era esperado das Belas Artes exposta nos salões.
Tanto a contemplação impressionista, por meios rápidos e instantâneos, como a reflexão tortuosa , passional e natural de van Gogh, que é considerado uma das influências vitais dos artistas alemãos da escola conhecida como Expressionismo que exalta uma visão subjetiva e deformada, são manifestações de realizações novas, surpreendentes, da potência da Arte.
Os impressionistas e van Gogh são dos fins do século XIX,. A pintura com eles saía das normas acadêmicas tradicionais dos salões para transformar-se numa arte inesperada, desafiante.
Mesmo que as telas dos parisienses hoje pareçam inocentes, e o são, não eram, no entanto, consideradas dignas, mas sim " vergonha nacional", no dizer de um crítico da época, já que privilegiam cenas como partidas esfumaçadas de trem onde a fumaça confunde-se com o céu meio a uma imprecisão em que as figuras não são bem o mais importante, mas certa imprecisão a parecer uma abstração do real.Essa inocência perceptiva chocou público e crítica.
Arte inesperada, a de van Gogh, viva, em telas ardentes, tal o envolvimento presente do pintor que quase se traduz em suas telas como arte inesperada a pintura ótica impressionista
van Gogh como Gauguin, outro artista contemporâneo do holandês, são considerados pós-impressionistas por razões que não o situam exatamente nas convenções.
Gauguin, um elegante dândi euroupeu. que usava roupas bem coloridas, deixa a Europa para ilhas tropicais e dá à pintura a oportunidade da cor local, tropical, e de uma figuração nativa inédita até então, dividindo a posição desses nativos na tela em planos em que cada um se coloca não exatamente como prescreviam as regras de representação clássica do espaço físico.
Os expressionistas alemãos, das primeiras décadas do século XX, representam cenas urbanas próximas de sociedade e cultura do industrialismo capitalista epintam representações de realidades interiores. Seus temas não são pintados de modo realista, mas há evidência da realidade em suas telas, reconhecível exatamente pela deformação dessa.
São esses alguns marcos iniciais do que seria conhecido como Arte Moderna e colocados aqui para ilustrarem visão e forma novas de uma arte radical em seus procedimentos se, só por exemplo, pensarmos na Renascença.
Mas muito mais surpresas, radicais e inesperadas, viriam nas primeiras décadas do século XX: as
Vanguardas.
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